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A história da jardineira em Piracicaba

A história da jardineira em Piracicaba

A Rodoviária de Piracicaba e a Prefeitura Municipal, através da Semuttran, estão expondo, desde o início de maio, um Ford 1929, que foi um dos primeiros veículos coletivos sem tração animal. Esse tipo de veículo foi intitulado na época de “Jardineira” e o jornalista, professor e historiador João Chiarini pesquisou e publicou na edição de 30 de setembro/ 06 outubro do semanário impresso “A Província”, a curiosa história da jardineira na cidade de Piracicaba (descrita abaixo). A matéria também está disponível no site A Província.

A exposição continua até 3 de julho, no saguão da Rodoviária Municipal. Além do Ford 1929, o público poderá conferir fotos antigas de bondes, ônibus e também da própria rodoviária. A entrada é gratuita.

APOIO: IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba), Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), Colégio Piracicabano e CCMW (Centro Cultura Martha Watts).

Confira abaixo, na íntegra o texto publicado em 1988:

 

“JARDINEIRA”

Texto de João Chiarini (edição Tais Romanelli)

Fonte: Semanário A PROVÍNCIA – outubro de 1988

 

A história da jardineira (ônibus) em Piracicaba em 1916. Um ano depois haveria o bonde.

Um senhor tinha uma empresa com um tróli, para quatro passageiros e um cocheiro. Quatro, também, eram os burros.

Ela fazia a viagem Piracicaba – Rio Claro. Partia às cinco horas. A baldeação dava-se em Tanquinho. Na venda desse local davam-se a baldeação e o almoço, o percurso até a vila era de 20km em terra.

Aquele tróli era fabricado por André Krãhenbühl, que fizera carruagens, tílburis, cigarras, charretes, alcançando fama mundial.

Havia só a Estrada de Ferro Sorocabana e uma viagem de Piracicaba a São Paulo levava nove horas. O trem partia às 06h e chegava às 15h. Então, os viajantes preferiam tomar a composição em Rio Claro, que aqui passava desde 1903.

É claro que era a companhia Paulista de Estrada de Ferro que alcançava, por um lado, São Paulo e, por outro lado, Araraquara, Bauru, Barretos etc.

O proprietário da empresa e da venda, em Tanquinho, era Gregório Marchiori.

Em São Paulo existiam os bondes puxados por burros. Gregório observou a carroceria dos mesmos e pediu a André Krãhenbühl para que fizesse uma igual. Adaptou-lhe um “Fordinho” – modelo T – 1918.

O ponto de saída era ao lado do “Hotel Della Giardineira”, de Pucci & Ghiara, à Rua da Glória, 22; esquina da Rua 15 de Novembro, logicamente, perto da Estrada de Ferro Sorocabana (FEPASA).

Quase todos os viajantes saíam do “Hotel Jardineira”. A Lei do efeito biológico, que já a apliquei no dialeto caipiracicabano (1969), em o “Diário de Piracicaba” fixou o termo mais curto e mais econômico JARDINEIRA, para um carro aberto, com 22 lugares e degraus de ambos os lados. E com buzina (a de metal e borracha).

Quando chovia as rodas recebiam correntes, principalmente, no “Morro do Boiadeiro”, já no município de Rio Claro. O trecho Tanquinho – Rio Claro o permissionário fora Gregório Marchiori. O de Piracicaba a Tanquinho coubera ao Ângelo Franciscato.

Mais tarde (1923) ampliou-se com o serviço de cargas e com usuários, vez que, a região experimentava a cultura canavieira (cf. Alice Pfiffer Cannabrava e Maria Celestina Teixeira Mendes, em o “O Bairro de Tanquinho” etc).

Não se escolheu a via Piracicaba à Limeira, porque esta era ruim. Embora, a Companhia Paulista passava pela segunda dessas urbes.

Com a chegada desta a Piracicaba (1922) a jardineira foi usada pelos rurícolas.

O preço da viagem? 500 réis pela ida; 800 réis pela ida-e-volta.

O fato de pôr-se a cabeça para fora de ambos os lados da jardineira e ser esta de cor verde não implicou em a sua denominação. E pena que Gregório Marchiori não tenha recebido uma rua e/ou avenida com o seu nome!

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